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Crônica 13 - Na Roma do Brasil.

O mar até Alcântara não é pra qualquer estômago. As ondas que atingem o barco em todas as direções faz ele parecer de brinquedo, e no meio do percurso é ainda mais agitado. Jandira foi amarrada no teto do barco. Viajo com extensores de elástico porque são mais simples de amarrar e considero versáteis e resistentes. Mesmo com todo o cuidado para acomodar a bicicleta da melhor forma, não me tranquilizei com o balanço forte e constante das ondas e subi para checar. Acho que dificilmente ela iria cair mas todos os quatro pontos do extensores de elástico estavam frouxos. Depois de apertar todos eles, resolvi viajar no teto também.

Praça da Matriz, Centro de Alcântara.

De longe é possível avistar os casarões e igrejas da cidade que fica num morro, acima das falésias vermelhas que contrastam o verde dos mangues e uma pequena faixa de areia branca a direita. Distante, do lado oposto, os prédios da antiga São Luís iam se camuflando com as nuvens e maresia.


A preservação do Centro Histórico de Alcântara se deu em 1948 sob Decreto-lei n 26.007 - “A”, que também eleva a cidade a Monumento Nacional. No entanto a primeira proposta de delimitação do perímetro de tombamento só aconteceu em 1963. Anos depois com a instalação do Centro de Lançamento Aeroespacial que desocupou aproximadamente 2 mil pessoas, Alcântara para por uma mudança em sua dinâmica social. Uma delas foi o profundo inchaço populacional dessas famílias que passaram a se acomodar nas periferias do Centro Histórico, aumentando o risco de sua descaracterização. Estudos foram feitos para entender os impactos até que em 1997 foi criado o Plano de Preservação para a Cidade de Alcântara, Lei Municipal n 224/97, ferramenta de planejamento urbano ainda utilizado.

Alcântara possui planta orgânica o que significa que as construções determinam o surgimento do traçado urbano. O Marco dessa característica é a praça da Matriz onde encontram-se a casa de câmara e cadeia, o pelourinho e as ruínas da Igreja de São Mathias. O acesso a cidade é feito pelo Porto do Jacaré, no entanto, antigos relatam apontam para outros portos como o da Praia do Barco e Sítio de Nazaré.

As fachadas das casas de estilo colonial, muitas delas com mirantes com grades em ferro batido ou forjados fixados em bacias em pedras formando balcões saltados. As fachadas apresentam também alvenaria de pedra lioz ou cercadura em argamassa pintada. Nos telhados de barro cozido, cimalhas e beirais.


Centro Histórico.

No hostel do Cláudio onde me hospedei, conheci pessoas que resinificaram os meus dias em Alcântara. A começar pelo Felipe Perine, Cicloviajante do interior de São Paulo que já percorreu a América Latina e agora se aventura pelo litoral brasileiro. Conversamos o necessário e criamos um bom vínculo, sentimento que só entende quem está na estrada. O Felipe seguiu para a capital Maranhense no dia seguinte, quando conheci a Marcela, Paloma e o Marcel que também se hospedaram no hostel Tijupa.


Jandira repousando.

Passamos o dia na praia de Itatinga onde pude conhecê-los melhor e descobrir que viajar ocupa um espaço misterioso mas necessário na vida das pessoas.

De volta ao hostel Tijupa, me ocupei com a edição dos materiais que coletei e no novo itinerário que agora me parecia mais interessante: desbravar o rico litoral alagado do Maranhão e tentar chegar a uma aldeia de albinos no norte do Estado.


Felipe Perine e sua magrela super rodada.

 
 
 

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