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Crônica 25 - Ilha de Cotijuba, Pará.

Uma das mais belas ilhas que visitei no Pará. Cotijuba me conquistou pela proximidade de Belém e, ainda assim, por manter uma atmosfera bastante tranquila e preservada. Confesso que algo nela me tomou de uma forma que me deixou muito à vontade, não sei se a imensa baía do Marajó que me impressionava toda vez que reparava em seu comprimento ou os grandes pés de bacuris na praia funda que me deixaram estarrecido. Ali, eu senti vontade de ficar por muito tempo. Tentei retornar outras vezes e renovava a data de despedida do litoral paraense, cada vez que pisava em Cotijuba, no entanto o tempo chuvoso não permitiu que eu fosse pela quarta vez.


Praia do Farol, Cotijuba - PA.

Os barcos para a ilha de Cotijuba saem da orla do distrito de Icoaraci que fica a 20 km do Centro da capital, Belém. A travessia acontece diariamente de hora em hora e custa sete reais. Os barcos são razoavelmente grandes e, ao menos nos dias que atravessei, estava bastante tranquilo. A viagem leva em torno de 40 minutos a depender das condições do rio Guajará, um dos mais largos que já vi.

De longe é possível avistar outras ilhas e comunidades ribeirinhas. O manguezal compõe toda a paisagem e, por vezes, açaizeiros e a imensas samaumeiras. As construções rústicas do tipo palafitas são as mais comuns para quem mora a beira do rio porque possibilita aumentar o nível do piso para acompanhar as marés. Dentre elas, o salão do reino das testemunhas de Jeová foi a que mais me chamou atenção pela simplicidade, diferente das demais que havia visto em outros estados.


Os pés de bacuris no alto da praia Funda.

Do cais de Cotijuba é possível ver uma imensa construção em ruínas. No lugar não haviam placas e os moradores pouco sabiam da história, ou eu não tive sorte de perguntar a pessoa certo. Fato é que o prédio funcionou uma rigorosa penitenciária, criando um ambiente macabro que afastavam as pessoas da ilha. Em 1933, foi inaugurado o Educandário Nogueira de Faria, para abrigar menores infratores. Em 1968 foi construída a penitenciária de Cotijuba, a primeira do Pará. Um sistema penal violento. A ilha passou a ser conhecida como "A ilha do Presídio " e recebeu presos políticos do período da Ditadura Militar do Brasil. A penitenciária foi desativada em 1977.

Na ilha, só rodam bicicletas, motos e motos modificadas que lembram charretes que transportam até seis pessoas. O único carro permitido na ilha serve como viatura para a polícia militar.

As praias do Farol e Saudade ficam na proximidade do povoado, já Praia Funda e Vai quem quer, são as mais distantes. Os motociclistas cobram cinco reais por pessoa. Vale a pena pagar porque elas ficam realmente longe do cais.


Fachada do antigo presídio e transportes.

Quando voltei pela segunda vez a ilha, estava acompanhado pelo meu anfitrião Mateus Boto que me acolheu em Icoaraci por mais de uma semana. Muito atencioso, cuidadoso e divertido, o Mateus sugeriu a Praia Funda que ainda não havia conhecido e que me encantou pela versatilidade e sossego. A maré muda completamente o cenário e a sensação é que estamos em praias diferentes a depender da hora que chegue lá. Acompanhei a maré tomar toda a faixa de areia, encher o igarapé onde alguns ribeirinhos jogavam baleado e fazer quebrar ondas que lembravam uma praia de água salgada. Na parte de cima da praia onde estão algumas pequenas falésias, as árvores tomam toda a costa e, com o sol baixando, acentua o verde e o amarelado das águas. O cheiro das plantas ajudam a compor a experiência no lugar!

Na Praia Funda também conheci despretensiosamente a Caroline Rosa que curiosamente havia hospedado o Felipe Perini em Belém. Parecia que esse nome em comum nos trouxe a confiança de anos de amizade. Foi uma delícia o que conversamos e o tempo que passamos juntos. Até tomamos café antes de eu voltar para Icoaraci.

O Mateus também me apresentou a outros dois lugares: Outeiro e Utinga. Fizemos os dois passeios de bicicleta e pude conhecer outras praias da região como Belo Paraíso e Praia do Amor, mas, confesso que gostei muito mais do Parque Estadual de Utinga e da trilha que fizemos lá à procura de um igarapé. Vi as árvores mais altas da região, incluindo a maior samaumeira da viagem. Eu poderia ficar horas ali a observando. Aquela árvore realmente me tomou com uma força ancestral!




 
 
 

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