Crônica 15 - Mais baías.
- @joaocabenaestrada
- 12 de jan. de 2021
- 3 min de leitura
Não demorei muito em Guimarães, apenas tempo suficiente para carregar o celular, comprar alguns mantimentos e tirar dúvidas sobre o itinerário com os moradores. De Guimarães pensei em seguir para Outeiro pela estrada de chão para, no outro dia, tentar chegar em Bacuri. Várias dúvidas sobre esse trajeto me fizeram mudar de opinião. Primeiro porque eu deveria voltar pela mesma estrada e isso me desanima sempre que citam a necessidade. Segundo porque a praia em Outeiro fica distante da cidade, separada por um vasto litoral, e eu deveria pagar um pescador para me levar até lá. Decidi então que seguiria para Cururupu, uma das grande cidades na região. São apenas 56 quilômetros, mas as serras e longas retas debaixo do sol quente do Maranhão me forçaram a parar constantemente. No trevo da MA 308 / 306, comi alguns Jamelões, que aqui são chamados de azeitonas, e acelerei o bastante para chegar em Cururupu ainda de dia.

Avistar a cidade me trouxe o alívio que precisava e também uma preocupação, não achei um posto de gasolina bom o bastante para passar a noite. Todos me deixariam exposto demais e não me sinto seguro em postos assim. Decidi seguir para a Praça da Família aonde recebi uma mensagem do Nizael que conheci em Alcântara. Ele havia conseguido um lugar seguro e confiável para eu passar a noite. Isso me fez pensar na importância em tratar todos com absoluto respeito e atenção. De longe o Nizael estava me ajudando a ter uma viagem mais confortável. Fiquei na casa do Mateus e Laura que me receberam com cafezinho quente. Foi uma das hospedagens mais surpreendentes, eu realmente não esperava. No dia seguinte pensei em seguir para Bacuri, mesmo com todas as indicações de que eu teria de retornar para a MA 106, uma volta de mais de 300 km até a divisa com o Pará. Eu desconfiei dessa obrigatoriedade e fui para Bacuri. A estrada sem acostamento e com muitos trechos esburacados me fez viajar em baixa velocidade e parando muitas vezes para fugir do sol.

Em Serrado do Maranhão montei minha rede e dormi por duas horas. Ali eu almocei e comi algumas mangas. Cheguei em Bacuri no final da tarde após enfrentar o pior trecho da MA 303. Parei no posto Total J para me informar sobre o itinerário e a resposta não poderia ser melhor, ali perto a 5km na comunidade Campinho, sai todos os dias acompanhando o horário da maré, barcos para Turiaçu, do outro lado da baía, encurtando toda a volta que eu deveria dar. Nesse dia dormi ao lado do muro do cemitério municipal. Muro a muro com o cemitério. Isso porque o posto ao lado tinha banheiro e internet pra usar à vontade.

No dia seguinte, por volta das 9 horas, segui para o pequeno cais em Campinhos para aguardar o barco. Assim que a maré encheu o canal, segui os passageiros, acomodei Jandira no teto do barco e segui viagem.
Em uma das muitas paradas pela baía de Turiaçu conheci o Duty que me convidou para passar a noite em Turiaçu. Conheci seus amigos, lavei minhas roupas, tomamos café e jantamos. Dormi cedo nesta noite, no dia seguinte eu precisava atravessar o segundo trecho de estrada de chão, atravessar o rio Maracaçumé para chegar em Cândido Mendes.

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