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Crônica 19 - "E daqui, vai pra onde?"

Atualizado: 1 de fev. de 2021

Antes de pegar a estrada, tomei um bom café com pão, ovos de galinha de quintal e tapioca com bacon. Sim, extrapolei! Fazia tempo que não comia tanto antes de pedalar. O Cleyton Ferreira e Davi Chaves decidiram me acompanhar até o povoado de Jaburu na PA 124. Fizemos algumas imagens na saída e gravei mais duas entrevista para o canal no YouTube.


Praia em Salinópolis, Pará.

Até Salinas, como também é conhecida, são 63 quilômetros. A PA 124 não tem boa sinalização, o acostamento é bastante irregular e, em alguns trechos, eu dividi a estrada com os motoristas, sempre monitorando o tráfego intenso de caçambas e caminhões. Até Santa Luzia a altimetria é maior, depois longas retas e campos compõem a paisagem. Pra minha sorte, não ventou tanto e não tive dificuldades para vencer os desafios do caminho.

Salinópolis é conhecida pelas belas praias, mas confesso que o conjunto arquitetônico modernista me fascinou ainda mais. Da avenida João Pessoa a Atlântica a diversidade das fachadas e lotes bem cuidados denunciam o período economicamente efervescente do município. Segundo a Prefeitura Municipal de Salinópolis são 76 imóveis tombados entre 2018 e 2020. Os relatórios e inventários podem ser conferidos no site da prefeitura.


Associação de Artesãos de Salinópolis, Pará.

Já enfrentei muitos desafios para encontrar um local seguro para passar a noite em cidades maiores e, com toda a certeza, essa é uma das grandes preocupações do cicloviajante, afinal de contas, todos os nossos pertences estão na bicicleta, por essa questão, chegar em Salinópolis com a hospedagem garantida me trouxe o alívio que eu precisava. A Dyone Rosa foi a responsável por entrar em contato com o Diogo Junho da Associação de Artesãos de Salinópolis onde fiquei hospedado por três noites. Na associação conheci a Rose Marvão e outros colaboradores do espaço que me contaram um pouco da história do local e a luta para manter aquele que também me impressionou pela resistência política tanto por causa da importância do endereço onde está e também pelas ações sociais em conjunto que proporcionam aos moradores. Quando cheguei, estavam todos empenhados em manter o espaço limpo e organizado para o evento que aconteceu às 19h na quinta-feira dia 22 de janeiro. A programação promoveu uma espécie de cinema itinerante para as crianças com a exibição da animação nacional Rio. A Associação de Artesãos também distribuiu pipoca, refrigerante e cachorro-quente para as crianças que estavam bem animadas.


O Alexandre me ajudou com a manutenção e conserto da Jandira.

O Diogo foi meu anfitrião, guia e um grande apoiador do projeto CABE NA ESTRADA. Bastante articulador, diplomático e cheio de amigos, assim como ele, atenciosos e prestativos. O Diogo produziu e participou comigo de uma entrevista para o Portal do Sal administrado pelo companheiro de profissão, o jornalista Jadson Cléber, e também uma revisão e lubrificação completa para a minha bicicleta com o amigo e ciclista Alexandre. De longe, o maior presente que me deram! A sensação de pedalar após a limpeza e reajustes foi como se estivesse tirando a bicicleta da loja. Jandira ficou incrivelmente nova!

Através do Diogo, conheci o Marcos de Lima, sua esposa Maria Lúcia e a pequena Sarah Mirelly. O Marcos é um promissor cicloviajante que fez o que poucos fizeram nesses 136 dias de viagem: pedalar Jandira! Além de bem humorado e cheio das resenhas, o Marcos também patrocinou o projeto para que eu pudesse trocar o rolamento central e melhorar o desempenho da bicicleta. Ele e o Diogo foram pessoas fundamentais para que eu continuasse a viagem até o meu destino final sem problemas mecânicos e, acima de tudo, com segurança. Sou muito grato!

Na sexta-feira, dia 21 de janeiro, segui com o Diogo para a casa do Marcos onde conheci seus pais Manoel Barros e Maria Izabel. Almoçamos juntos e conversamos bastante. Abri o mapa e fiz o que mais gosto: ilustrar por onde passei. Sem correr o risco de me questionarem por onde eu não passei e, copiosamente citarem cidades por onde eu deveria ter passado. A famosa frase “E daqui, vai pra onde?”, muitas vezes me irrita porque é o tipo de resposta que geralmente eu não sei responder e por mais explicações que eu dê, sempre terminam perguntando sobre a cidade x ou y a muitos quilômetros de mim.


A linda família do Marcos.

Através do olhar do Diogo conheci a cidade, a praia de Atalaia e o Morro da Coca. Lugares que me fizeram lembrar a praia do Guaibim no litoral de Valença, Bahia, pela grande faixa de areia e quiosques. Após uma boa trilha pelas dunas e caminhada pela praia, ficamos no quiosque da Associação de Artesãos na praia de Atalaia. Ali aproveitei para refrescar no mar e alongar meu corpo.

De longe um dos lugares onde mais aproveitei em pouco tempo. A vivência na associação, o voluntariado na ação social que promoveram e as pessoas que conheci, fizeram de Salinópolis um dos melhores destinos do CABE NA ESTRADA na costa do Sal, Pará.

De volta a estrada, alguns desafios até a curiosa ilha do Algodoal. Após ouvir alguns conselhos, achei mesmo seguro viajar de ônibus de Salinas a Penha, uma vila de pescadores a 32 km bem próximo a Maracanã, onde atravessei de barco e continuei a viagem de bicicleta até a ilha do Algodoal.

Peguei o ônibus em frente a casa do Marcos no bairro Atlântico 2. Retirei a roda dianteira e os Alforjes da Jandira, despedi dos meninos e segui o meu destino pelo litoral do Pará.


ônibus para Vila da Penha.

 
 
 

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