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Crônica 9 - Segundo grande destino.

Barreirinhas é a maior cidade no Parque dos Lençóis Maranhenses e ainda a mais escolhida entre os turistas por oferecer mais comodidade e também por ter mais ofertas entre as operadoras dos passeios na região. A visitação dos Lençóis Maranhenses está permitida desde 1 de julho. A decisão foi divulgada através da Portaria Nº 752, de 29 de junho de 2020 do ICMBio. Medidas restritivas foram adotadas para permitir que 55% dos visitantes continuassem frequentando o parque.


Rio Preguiças.

O Centro da cidade é caótico, tem ruas estreitas, péssimo passeio e trânsito intenso, principalmente por causa do número de motos. O que chama a atenção no Centro da cidade é a formação de uma grande duna que vai da rotatória na Rua 31 de Março até o cais na Avenida Beira Rio, as margens do rio Preguiças. Grande e importante para a dinâmica da cidade, o rio Preguiças nasce no município de Santana do Maranhão, percorre 135 quilômetros, serpenteando a região até desaguar no oceano atlântico. A população depende bastante dele para retirar o alimento e transportar as dezenas de turistas que procuram o passeio de lancha até as comunidades de Mandacaru, Vassouras, Caburé e outros. O passeio que fiz até essas localidades, somente no rio, de lancha rápida, ficamos 40 minutos. A vegetação muda drasticamente nesse percurso. Até o manguezal tomar conta da margem do preguiças, uma vegetação mista com muitos açaizeiro, buriti e carnaúbas são encontradas com frequência.


Macaco-prego em na comunidade de Vassouras.

Em Barreirinhas, fiquei hospedado na casa da Luza, uma ciclista bastante querida e conhecida na região. Dar uma volta com Luza pelo Centro da cidade é como estar em campanha política. Bom para conhecer os moradores e ter certeza de que o lugar onde me hospedei é bem frequentado. Ela já participou de muitas competições e esbanja troféus e medalhas na sala de casa. Muito desinibida, extrovertida e carismática, Luza me disponibilizou um quarto e me deixou à vontade. Na mesma noite em que cheguei conheci alguns de seus amigos ciclistas que também se hospedaram em sua casa. O Anderson e os amigos vieram da cidade de Tutóia que fica a 75 quilômetros de Barreirinhas. Eles estavam em sua primeira cicloviagem. Conversamos e fizemos um pequeno passeio até São Domingos que fica a 7 km do Centro de Barreirinhas. No caminho, reencontrei os cicloviajantes Luís e Rosie que nos acompanhou. Passamos uma tarde agradável, refrescante e com muitas comida.


No retorno para casa, confirmei que iria acompanhar os meninos até Tutóia na madrugada seguinte. Organizei os alforjes e levei apenas o necessário em dois deles. Sabia que iria enfrentar muito vento contra e que seria desafiador acompanhar a velocidade dos meninos que estavam sem bagagem.

Pedalar à noite é infinitamente mais confortável. Claro que tem a desvantagem de não aproveitar a paisagem, além de ser mais difícil fazer reparos caso a bicicleta precise. No entanto, não há nada mais agradável do que pedalar sem o calor excessivo que faz nesse cantinho do Brasil.


Tucunarés pescados no rio Preguiças.

Os primeiros 30 km foram tranquilos apesar dos longos trechos de puro cascalho da MA - 315 que passa por manutenção. São muitos vilarejos até Paulino Neves. E é antes um pouco do município que fica o trecho que considero o mais bonito desse percurso. A estrada passa entre as dunas dos pequenos Lençóis e instiga a imaginação. Ainda era de madrugada quando passamos por lá e pude ver apenas as dunas que estavam a minha frente, ainda assim com muita dificuldade e sem fazer ideia da dimensão que era o lugar onde eu estava. Naquela altura do pedal, já sentia meu joelho esquerdo dar sinais de fadiga e me preocupei com o meu desempenho.


Eu poderia ficar para trás e continuar a viagem sozinho, mas me esforcei, descansei com mais frequência e consegui acompanhar os meninos até o destino final. Quando chegamos em Paulino Neves ainda estava tudo fechado e já sentíamos fome. Sugeriram tomar café em alguma vendinha de estrada num vilarejo mais afrente. Seguimos por mais 30 quilômetros, passamos por diversas comunidades até Formigas, onde encontramos a única venda aberta. Sentei, comi o quanto pude e descansei. Alí pra mim já seria um ótimo destino. Nunca antes na viagem eu cansei e senti dores no joelho tão rápido num percurso tão curto. Logo concluí que o motivo foi a velocidade que eu estava pedalando. Pagamos a conta exorbitante e continuamos.


Ainda restava pouco mais de 15 quilômetros até Tutóia, estávamos todos exaustos, mas mais os meninos que teriam de chegar e seguir para o trabalho. Eu ao menos poderia descansar, mas decidi caminhar até a praia. Quase cem dias na estrada e eu estava prestes a rever a imensidão do oceano no litoral do Maranhão, de frente as dunas de Tutóia.



 
 
 

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